Podemos achar as energias femininas da escuridão um pouco confusas, porque há uma diferença entre as energias da escuridão “dinâmicas” e as energias da escuridão “recetivas” que incorporamos nos nossos ciclos menstruais e nas nossas vidas. Podemos notar que o crescente retrocesso e progressão da escuridão interior da fase pré-menstrual – ou “Feiticeira” – do nosso ciclo é diferente das energias calmas e ocultas da Lua Escura e da fase menstrual – ou “Anciã”. Podemos também reparar que o ciclo lunar com a crescente escuridão do quarto minguante é diferente das energias recolhidas e tranquilas, ocultas, da Lua Escura.
Podemos também experienciar estes diferentes tipos de escuridão feminina nas fases da nossa vida à medida que envelhecemos e passamos da Mulher Cíclica para os reinos da mulher em pós-menopausa (pós-“Sofia”).
Não existe apenas uma forma de escuridão, existem duas – tal como existem duas fases de luz:
- Uma fase de mudança – de crescimento ou decréscimo
- Uma fase de finalização e de quietude.
À medida que viajamos pela fase pré-menstrual, dançamos um caminho de mudança desde as energias plenas de luz da ovulação até às energias de plena escuridão da menstruação. As nossas energias física, mental e emocional diminuem com a luz, mas a nossa intuição, consciência espiritual, magia pessoal e energias criativas aumentam com a escuridão.
Mas este caminho para a escuridão não é suave – experienciamos picos e resistências na energia. Os picos empoderam-nos para trazermos a intuição e a magia escondida no nosso inconsciente para a nossa vida diária para nos criarmos e transformarmos a nós próprias e ao mundo. O arquétipo da Feiticeira de crescente escuridão quer ser selvagem e livre! Ela deseja explorar e expressar quem ela verdadeiramente é e as energias que sente. Ela é a Dançarina dinâmica, rodopiando entre a luz e a escuridão, entre o mundo interno e o mundo exterior.
Mas, gradualmente, a escuridão aumenta de tal forma que se torna mais forte que a luz do mundo externo e o nosso mundo espiritual interior torna-se mais importante. A Dançarina pára na fase menstrual e torna-se Anciã – escuridão recetiva. A luz desapareceu e agora ela está completa na sua escuridão. Ela está quieta, não se transformando em nada e não abandonando nada. Ela está una em si mesma e nessa completude ela aceita o mundo como ele é. Ela perdoa e esquece porque não há ego, não há motivação, não há impulso ou necessidade de mudança – existe apenas a unidade silenciosa da alma do Universo. Esta é a nossa jornada todos os meses, um fluir de escuridão dinâmica para a escuridão recetiva.
Espelhamos igualmente este caminho de escuridão dinâmica e recetiva ao longo das fases da nossa vida. Aos 40 anos, quando o nosso corpo começa a mudar, damos os primeiros passos no caminho da Feiticeira. No início, somos essencialmente energia de luz e estamos focadas no mundo exterior, mas à medida que caminhamos pelo nosso mundo interior – o mundo espiritual – a escuridão começa a crescer. O nosso último sangue (a nossa “Sofia”) é o meio do caminho entre a luz e a escuridão, e depois disso, o nosso caminho é o do crescimento da escuridão sobre a luz.
Não existe uma idade definida para entrar na fase da vida de escuridão recetiva – a fase da Anciã – pois a nossa experiência de vida, a nossa saúde física e as nossas tentativas de combater o fluir do ciclo da vida podem influenciá-la. Mas, num dado momento, a luta cessa, o ímpeto cessa e vemos, não o mundo exterior, mas o mundo interno.
A Anciã é a Sábia que se senta junto à lareira, que não tem interesse no mundo exterior, aquela que – tal como o nosso jovem eu na menstruação – tem um mundo externo pequeno, mas um mundo interno infinito. A Anciã é a alma do Universo, o seu corpo pode ser velho e curvado, mas a luz da alma brilha de forma luminosa através dela.
Não somos uma Anciã até sermos escuridão recetiva.
A minha mãe tem 91 anos – é uma Anciã.
Para ouvir a voz da Anciã pode gostar de ler as mensagens da Crone no livro “Spiritual Messages for Women” (“Mensagens Espirituais para Mulheres”) ou explorar as suas energias nos livros “Lua Vermelha” e “Female Energy Awakening” (“O Despertar da Energia Feminina”).
Bookshop
Translation: Ana David & Isalinda Damas